Danos Pessoais

por Mundo Sombrio
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Eu trabalhava como advogado de causas de lesões pessoais quando Melissa entrou em minha vida. Bastou um olhar para que eu me apaixonasse. Ela era bela, quase etérea, e eu soube de imediato que estava diante da mulher perfeita. Um dia, pensei, ela seria minha esposa.

No altar, no dia do nosso casamento, ela jurou que jamais me deixaria. Prometeu ficar comigo na alegria e na dor. Eu, por minha vez, jurei que nada jamais a machucaria — que eu sempre estaria lá para protegê-la.

Após a lua de mel, nos mudamos para um pequeno bangalô afastado da cidade. Eu montei meu escritório de advocacia e Melissa cuidava da casa. Nossa vida era simples, tranquila, quase perfeita. Todas as tardes, eu a ligava para avisar a hora de minha chegada para o jantar.

Mas, numa noite, o telefone tocou em vão. Ela não atendeu. Um silêncio estranho me atravessou — o primeiro presságio de que algo terrível havia acontecido.

Quando cheguei, a porta da frente estava aberta, escancarada como uma boca faminta. Meu coração disparou. Corri até o carro, peguei um martelo debaixo do banco e entrei.

— Melissa! — gritei. — Estou em casa! Onde você está?

Nenhuma resposta. Apenas um silêncio pesado, sufocante. Na cozinha, o jantar queimava no fogão. O chão estava coberto por pratos quebrados e tigelas despedaçadas. Um rastro de caos.

Com o martelo firme na mão, percorri a casa. Chamei por ela. Encontrei-a no quarto. Estava caída no chão, roupas rasgadas, rosto ensanguentado e marcado por hematomas. Mas ainda respirava.

— Melissa! O que aconteceu?

Ela gemeu, quase sem voz:
— Eu… eu não sei… um homem entrou… pediu dinheiro… quando disse que não tinha, ele começou a me bater… ele não parava… doía tanto…

Eu a abracei, tentando acalmá-la. Disse que agora eu estava ali, que nada mais a machucaria. Carreguei-a até o carro, deitei-a no banco de trás e acelerei em direção à cidade.

No caminho, ela sussurrou:
— Precisamos ir à polícia…

— Vamos, mas primeiro você precisa de um médico.

Então ela arquejou. Seus ferimentos eram graves. O desespero me corroía por não ter estado lá para protegê-la.

Atravessávamos a cidade quando ficamos presos em um engarrafamento. Eu buzinava, tentando abrir passagem, quando Melissa gritou:
— É ele!

Olhei ao redor, confuso.
— Quem?

— O homem! O homem que me atacou! É ele!

Ela apontava para o outro lado da rua. Um homem saía de um carro, andando despreocupado, como se nada tivesse acontecido.

— Tem certeza? — perguntei, mas Melissa já chorava em desespero, quase em convulsão.
— É ele! É ele!

Fui tomado pela fúria. Encostei o carro e saltei, martelo em punho. Segui o homem até um beco escuro. Eu só queria machucá-lo, entregá-lo à polícia. Mas algo dentro de mim… se rompeu. O ódio me cegou.

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Tudo terminou em segundos.

Voltei ao carro em silêncio. Melissa estava calma, estranhamente calma. Não trocamos uma palavra. Apenas limpei o sangue das mãos com um lenço, escondi o martelo debaixo do assento e seguimos viagem.

No hospital, carreguei-a até a emergência. Mas, ao cruzarmos a porta, Melissa congelou. Seus olhos se arregalaram, o corpo tremeu. Ela agarrou meu braço e apontou, horrorizada, para um dos médicos.

— É ele… — sussurrou. — É ele…

E, em seguida, apontou para uma enfermeira.
— É ele! É ele! — gritou em pânico. — É ele!

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