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O Homem do Chapéu de Coco

por Mundo Sombrio
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— A janta ainda não está pronta? Tava fazendo o quê que atrasou? No mínimo deveria estar no Whatsapp com as vadias das suas amigas né sua vagabunda?!

— E você que chega em casa com esse bafo de cachaça? Ahhh, não fode seu nojento!

E assim mais uma briga começava entre os pais de Alícia e Juninho, um casal de irmãos de seus 9 e 7 anos respectivamente. Ouvir as brigas, palavrões e ofensas entre seus pais, já era normal para eles. Isso quando não acabava em pancadaria e, quando isso acontecia, Juninho corria para o quarto de Alice e os dois entravam na casinha de bonecas que ela tinha.

Naquela noite a mesma rotina, a mãe os chamava para jantar. Eles lavavam as mãos e desciam para se sentarem à mesa e seus pratos já estavam prontos os esperando. Isso quando o jantar ou o almoço não era miojo ou lasanha pronta, pois a mãe deles não era lá dada à cozinha nem aos serviços domésticos…

Quando sentavam para jantar, o pai pegava seu prato e ficava na frente da TV vendo algum jogo e xingando algum juiz e/ou jogador que em sua opinião, dera algum passe errado na bola. A mãe, ficava sentada à mesa com eles, porém comia com o celular em punho olhando suas redes sociais e seu Whatsapp…

Juninho mencionou à mãe que “tinha trabalhinho da escola” pois a “tia” havia pedido cola e cartolina azul para levar na segunda-feira.

A mãe, com muita má vontade, respondeu que “aquela tia só inventava besteira, pois aquilo tudo iria pro lixo mesmo!”. Enfim… Assim era a rotina dos irmãos Alícia e Juninho.

Eles adoravam ir na casa dos coleguinhas, pois era tudo diferente da casa deles. Havia respeito, carinho e os dois eram sempre bem tratados.
Os pais de seus amiguinhos não gritavam com seus filhos, os tratavam bem e não brigavam entre si.

— Vamos! Já acabaram?! Tenho que lavar essa louça e ir ver minha novela, porque o inútil do seu pai, lógico que não vai me ajudar! – Falou a mãe das crianças interrompendo seus pensamentos.

Então, os dois entregaram seus pratos e foram ver desenho animado no quarto deles.

No dia seguinte, enquanto brincavam na rua com seus coleguinhas, Alícia viu Juninho conversando com um senhor alto e magro e foi logo ao encontro dele.

— Juninho mamãe disse para não falar com estranhos! – Alícia disse pegando seu irmão pela mão.

Juninho respondeu:

— Ele é legal mana!

Então, o senhor alto disse estendendo a mão para cumprimentá-la:

— Ora , ora… sua irmã está coberta de razão rapazinho! Me chamo Zack.

Alícia apertou-lhe a mão. Aquele senhor era muito alto, magro e usava um terno preto e um chapéu de coco! Era muito gentil realmente.

Juninho disse:

— Que chapéu engraçado! – E os dois riram…

O homem alto de chapéu de coco , perguntou-lhes:

— Crianças, vocês gostam de zoológico?

— Adoramos Sr Zack! – Responderam as crianças.

— Então aqui estão duas entradas para o zoológico para amanhã cedo! Para vocês aproveitarem seu dia de domingo! Tenho certeza de que vão gostar!

Eles agradeceram ao homem alto de chapéu e se despediram.

Enquanto corriam para casa o homem os fitava seriamente.

Por conseguinte, as crianças entraram em casa correndo e gritando:

— Mãe, pai! Ganhamos ingressos para o zoológico!

O pai riu-se desdenhando:

— Até que enfim algo de graça! Porque se tivesse que pagar eu não iria!

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Os meninos quase nem dormiram naquela noite de tão animados que estavam os irmãos.

Pela manhã, os dois se arrumaram, tomaram o café e, antes de sair, o pai já estava no carro acelerando e buzinando insistentemente, apressando a família…

— Bora, merda! Vamos logo se não eu não vou mais e ninguém mais vai sair hein?!

A mãe respondeu:

— Calma seu inútil! Você poderia ao menos ter trancado a casa né?!

Assim, entraram no carro e o pai arrancou reclamando e cantando pneus.

As crianças chegaram ao zoológico super animadas. Logo que entraram, já viram a estátua de bronze de leopardo, o fosso dos Orangotangos e, após isso, as jaulas dos felinos…

As crianças estavam muito alegres. Mostravam tudo para o pai que, de cara amarrada, andava atrás deles e a mãe, como sempre, conversava ao celular.

Mais adiante, eles avistaram umas jaulas diferentes. Era como se fossem jaulas de vidro e dentro delas haviam pessoas. Casais, alguns até
com roupas muito antigas…

Os irmãos se entreolharam sem entender nada daquilo.

Então, um dos casais da jaula de vidro, bateu no mesmo e os chamou para perto:

— Olá crianças vocês vieram nos levar? Estávamos esperando por vocês! Seremos seus papais novos!

Juninho disse:

— Mas a gente já tem nosso pai e nossa mãe!

E o casal da jaula respondeu:

— Mas eles não são bons pra vocês, já nós, seremos!

Os irmãos se afastaram sem entender e o casal ficou gritando, chamando-os e andando pra lá e pra cá.

— Voltem! Levem a gente!

Alícia e Juninho olharam ao redor, procuraram seus pais mas não os viram. Ali só havia várias crianças olhando para aquelas diversas jaulas e conversando com os casais por entre os vidros que pediam para que fossem levados.

— PSIU! EI ! VCS DOIS ! LEVEM A GENTE! PROMETEMOS QUE VAMOS LEVAR VOCÊS AO PARQUE E DAR TUDO O QUE VOCÊS QUISEREM!

— Cala a boca, deixa que eu falo! – Dizia a mulher na mesma jaula de vidro.

E vários casais nesta mesma situação.

Até que os dois avistaram um casal que parecia triste. Um abraçado ao outro. Estes lhe chamaram a atenção por causa da imensa tristeza em seus olhares.

Alícia e Juninho então se aproximaram da jaula de vidro e os chamaram:

— Porque vocês estão tristes? Porque estão chorando?

E a mulher, lá de dentro, respondeu:

— É que perdemos nossos filhos! Tínhamos filhos lindos assim como vocês, mas não os merecíamos, pois não fomos bons pais pra eles! Então foram tirados de nós e dados a pessoas que cuidariam deles como eles mereciam.

Alícia e Juninho se entreolharam e passou -lhes pela cabeça os mesmos pensamentos. Tanto os ruins como os bons.

Repararam que, no vidro, havia uma porta com botões de abrir e fechar.

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Juninho apertou o botão e abriu a porta. Entraram na jaula de vidro e deram as mãos àquelas pessoas sinceramente penitenciadas e redimidas que os abraçaram e choraram muito agradecendo-os pela chance recebida.

Ao saírem da jaula de vidro, continuaram o passeio com seus novos pais muito felizes.

Juninho disse para sua nova mãe:

— Mãe tem trabalhinho da escola para amanhã!

E ela então respondeu:

— Querido, vamos agora ao shopping comprar os materiais que a tia dele pediu?!

— Claro amor! Aproveitamos e almoçamos no McDonald’s! Que tal crianças?

— OBAAAAAA!

Os irmão super felizes correram para dentro do carro e partiram para sua nova vida com seus novos pais, como se nunca tivessem sido infelizes e o senhor Zack contemplava muito satisfeito aquela cena.

Enquanto isso, em algum lugar do zoológico, um casal brigava dentro de uma das jaulas de vidro:

— Que lugar é esse? Cadê as crianças?!

— JUNINHOOOO, ALÍCIAA! Cadê vocês!?

— Quer parar de gritar?!

— Ah cala essa boca…

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