Os Crimes da Rua do Arvoredo e as Linguiças de Carne Humana

por Mundo Sombrio
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Entre 1863 e 1864, em uma cidade emergente no Sul do Brasil, mas precisamente em Porto Alegre, crimes chocaram seus cidadãos e poderiam deixar até Sweeney Todd um pouco enojado, os “Crimes da Rua do Arvoredo” como são conhecidos em todo o Brasil.

A História e Os Crimes da Rua do Arvoredo

Por volta de 1860, o Rio Grande do Sul, que é um dos três estados do Sul do Brasil, enfrentava toneladas de guerras revolucionárias – Porto Alegre não estava diretamente envolvida neles, mas como é a capital do Rio Grande do Sul, as notícias sobre as guerras se espalharam amplamente pela (então) pequena cidade: nada mais do que 20 mil pessoas viviam lá.

Também estava repleto de imigrantes alemães e italianos que vieram para a cidade com sonhos de prosperidade e a promessa de uma nova vida.

Foi quando um desses imigrantes – um açougueiro alemão que trabalhava na cidade, na época chamado Carl Goetibb Clausser, desapareceu repentinamente, e foi substituído por um ex-policial chamado José Ramos –, que as coisas começaram a ficar muito estranhas.

José era o filho mais velho de Manoel Ramos e Maria da Conceição. Manoel foi servidor de um esquadrão de cavalaria de Bento Gonçalves durante a Revolução Farroupilha. Todavia, desertou e fugiu para Santa Catarina, local onde fixou residência e onde José Ramos, seu filho, nasceu.

Era hábito do pai contar façanhas da revolução, ouvidas com admiração por Ramos. Aqui, segundo a história, Ramos insistia ao pai que contasse amiúde as investidas do esquadrão ao toque de “degolar”, demonstrando especial interesse acerca dos detalhes empregados sobre modo de aplicar a degola.

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Na juventude, vendo sua mãe ser agredida pelo pai embriagado, José Ramos toma uma faca e projeta contra seu progenitor ferindo-o gravemente, levando-o à morte em poucos dias.

Diz-se de Ramos que era um sujeito mestiço claro, olhos enormes, voz sinistra, barba rala, alto e de extraordinária força física e sempre exageradamente perfumado. Vestia-se de maneira impecável e possuía razoável nível de instrução. Homem religioso e sensível, Ramos ia à missa, e demonstrava grande interesse pelas artes. Frequentava a mais alta classe de Porto Alegre, sendo conhecido em eventos de alto luxo e sofisticação, como apresentações teatrais, óperas, além de ser um frequentador assíduo do recém-inaugurado Theatro São Pedro. Também foi na capital gaúcha que o mesmo encontrou e se apaixonou por Catarina Palse.

Catarina Palse, embora não seja a “personagem principal”, é elemento não menos importante, pois foi cúmplice de José Ramos, seja por atrair as vítimas para sua residência ou, simplesmente, pela omissão, acobertando os crimes do marido.

Ramos tinha uma esposa chamada Catarina Palse, que era de ascendência húngara (aparentemente nascida na Transilvânia – que bela coincidência não?). Mas, Segundo Jean Pierre Caillois (conforme descreve Décio Freitas em sua Obra O maior crime da Terra), “… é inteiramente desprovida de dotes físicos e mal se pode acreditar que exerce atração. Baixa e obesa, só tem de belos os longos cabelos loiros e os olhos muito azuis”. Apesar dessa descrição, há rumores de que os homens não resistiam aos seus encantos. E foi exatamente assim que Ramos atraiu suas vítimas para sua armadilha.

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José Ramos e Catarina Palse – Crimes da Rua do Arvoredo

Modus Operandi

Assim que Catarina colocava a mão em outro homem, ela sussurrava palavras doces e os levava para sua casa, alegando que seu marido, o açougueiro, “não estaria em casa por um tempo”.

Ela então fazia amor com eles e lhes servia um maravilhoso jantar depois – era quando Ramos saía da escuridão e enfiava um machado direto no meio de suas cabeças.

Se as vítimas ainda estivessem vivas, ele cortava meticulosamente suas gargantas com uma faca bem afiada.

Em seguida, Ramos ia até o quarto secreto com Catarina, tirava as roupas e pertences da vítima e transformava elas em carne – mais especificamente em linguiças, que ele vendia no mercado público.

A coisa mais aterrorizante é que era extremamente bem recebido, todo mundo gostava da linguiças dele. Elas enfrentavam longas filas só para comprar a linguiça especial de Ramos… sem sequer saber do que eram feitas.

— É uma carne especial. Um segredo. — Ramos dizia com um sorriso diabólico que seus clientes não enxergavam enquanto se alimentavam da famosa e gostosa linguiça.

Quando foi perguntado para onde teria ido o Sr. Clausser, Ramos só disse que o homem vendeu a loja para ele e voltou para a Alemanha.

Aquilo realmente não levantou muitas suspeitas; Foi só quando um garoto de 16 anos e um vendedor desapareceram, que a polícia se envolveu no caso.

Assim que foram revistar a casa de Ramos, depois que os vizinhos denunciaram-no por terem ouvido um grito, provavelmente do menino, a polícia descobriu as carcaças dos corpos que o casal usava para fazer sua famosa linguiça, incluindo o corpo do Sr. Clausser, e logo eles foram levados presos.

As Consequências

Como José Ramos era um ex-policial (que foi dispensado por causa de sua violência extrema – indo tão longe por quase matar outro policial por causa de uma aposta perdida) e também um amigo próximo do general que acompanhou seu caso, Sr. Dario Callado (que era tão violento quanto Ramos era), sua sentença de perpétua foi preenchida com regalias, e ele morreu confortavelmente apenas no ano de 1893 , de Lepra, dois anos após a morte de Catarina, doente mental, em um manicômio.

Catarina foi, na verdade, quem cooperou com a polícia; Ela contou a eles tudo sobre os assassinatos e como eles planejaram tudo, enquanto Ramos realmente não disse nada. Na verdade, ele se declarou inocente por todas as acusações atiradas sobre ele.

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Ele nunca contou suas razões e quantas pessoas ele matou, deixando uma névoa de mistério sobre os assassinatos que nunca serão revelados.

Os jornais da época tentaram alterar o caso, e apenas internacionalmente foi reconhecido e difundido (particularmente na França e no Uruguai) – aparentemente para tentar fazer com que os cidadãos de Porto Alegre esquecessem que eles se tornaram canibais por um tempo.

Na verdade, parece que os próprios cidadãos não quiseram falar sobre o crime depois que foi resolvido. No entanto, foi espalhado para a cidade como fogo, e mesmo agora ainda ouvimos e comentamos sobre o caso, sendo repassado por gerações.

A rua onde tudo aconteceu agora se chama Rua Fernando Machado, e a maioria dos lugares lá mantém a arquitetura daquela época.

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Rua do Arvoredo

A maioria das casas da rua está abandonada. A casa onde os crimes ocorreram foi demolida, e apenas as árvores da antiga Rua Arvoredo ainda estão em pé.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COIMBRA, David. Canibais, paixão e morte na Rua do Arvoredo. C.L&PM Pocket, 2005;
FREITAS, Décio. O maior crime da Terra – O açougue humano da Rua do Arvoredo (1863-1864). Editora Sulina, RS, 1996.
Disponível em: http://crimesdaruadoarvoredo.blogspot.com.br/. Acesso em 17 mai. 2016.
Disponível em: http://oscrimesdaruadoarvoredo.blogspot.com.br/. Acesso em 18 mai. 2016.

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