A Torre do Relógio

por Mundo Sombrio
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Capítulo 1 – O coroinha teimoso

Ano de 1990

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Na pequena cidade de Recanto dos Menestréis, uma cidadezinha de interior com apenas 13.000 habitantes, havia uma única igreja católica bem no centro da cidade. Em um certo domingo, depois de uma missa, o padre esbraveja com o coroinha novato:

— Pela milésima vez, Rivaldo! É pra tocar só 6 vezes o sino na Hora Pro Nóbis! É a décima vez em que você toca 7 vezes! A nossa Igreja está virando piada no jornalzinho local e daqui a pouco, todos no Estado ou no país inteiro vão querer saber o porquê dessa tua teimosia! Que moleque teimoso!

— Mas Padre Josiel, eu toco só as 6 vezes, a sétima o sino toca sozinho por causa do impulso. Eu tentei impedir o sétimo toque em todas as vezes, mas o sino é muito pesado.

— Então eu vou ter que te ensinar a usar este sino! Da próxima vez, EU TOCO e você observa com bastante atenção! Entendeu?

— Sim Senhor!

O padre foi para o seu quarto resmungando:

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— Moleque burro! Não sabe nem tocar um sino!

Padre Josiel era um homem de 64 anos de idade, calvo, magro com 1,80m de altura, olhos azuis, muito bondoso porém não tinha paciencia pra aturar a inexperiência do Coroinha Rivaldo, que cometia de vez em quando pequenos erros de principiante. Rivaldo, um jovem de 22 anos, com cabelos pretos lisos e olhos castanhos, não gostava de ser chamado à atenção sem motivos e não aguentava mais os sermões do Padre. O rapaz estava a ponto de desistir da vida de coroinha. Por vezes, ele pensava: “Vou passar o resto da minha vida levando esporro desse velho, só porque ele é padre e quer tudo perfeitinho? Perfeito só Jesus e mesmo assim, teve quem o cricificasse e o matasse. Se continuar assim, vou sair dessa, nem que seja pra ficar desempregado.”

No dia seguinte, conforme o combinado, o padre foi logo olhando com olhos de águia para o jovem aprendiz e disse em tom rascante:

— Observe e aprenda!

O padre puxou violentamente a corda 5 vezes. Com o impulso o sino tocou a sexta vez e para o espanto do padre, o badalo voltou mais uma vez, tocando a sétima. O idoso olhou para o sino com olhar incrédulo, enquanto o jovem coroinha lançou um olhar para o padre que dizia sem palavras:” Viu? Não te falei?”. Sem saber o que dizer, Padre Josiel olhou sem graça para Rivaldo e balbuciou:

— É…. tá com defeito…. Vou mandar consertar.

— Pois é, né Seu Padre?

— É, tá bom, meu filho, desculpe eu ter falado daquele jeito com você. Vou chamar um pedreiro pra ver isso aí.

Assim que o pedreiro chegou, o Padre narrou o defeito. O pedreiro então perguntou:

— Quando foi a última vez em que o Sr. Colocou óleo no eixo deste sino?

— Nunca. Eu nem sabia que usava óleo.

— Ah! Então é isso! O sino está travando no eixo e quando destrava, bate mais uma vez. Vou ter que tirar o sino, passar óleo no eixo todinho e colocá-lo de volta. Como eu tenho acesso ao sino?

— Através da torre do relógio. O coroinha tem a chave. Rivaldo! Leva o pedreiro até o sino!

— Sim, Senhor Padre Josiel!

A torre que abrigava o enorme relógio da igreja, há muito não era aberta. Para se ter acesso ao sino, os dois tiveram que entrar por trás do mecanismo do relógio, que por sua vez estava cheio de poeira e ninhos de pombo. O relógio, com tanta sujeira em volta e em si, só funcionava por um milagre.

Chegando no sino, o pedreiro sentiu um frio na barriga ao olhar para baixo e ver que estavam à 10 metros de altura. Mesmo assim, arregaçou as mangas e retirou o artefato feito de ferro maciço e que pesava 60 Kg. Ao tentar tirar o eixo de 1 polegada feito em aço maciço da parte superior do sino, o pedreiro percebeu que este estava colado ao sino por conta de uma densa ferrugem. Ele perguntou ao coroinha:

— Vocês conseguiam tocar esse sino?

— Todas as tardes, só que eu tocava 6 vezes e ele acabava tocando mais uma vez, o que fez eu levar cada esporro….

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O pedreiro não conseguia entender como um sino todo travado pela ferrugem e falta de conservação ainda funcionava. Mas era hora de se concentrar no trabalho e tentar descobrir um jeito de retirar o eixo daquele sino para poder então lubrificá-lo e colocar no lugar. Ele então tirou da sua mala de ferramentas uma marreta e uma talhadeira. Deu umas marteladas no eixo, com e sem a talhadeira. Mas só conseguiu fazer cair poeira e ferrugem e nada de o eixo desagarrar.

Então, o profissional de obra teve uma ideia. Olhou as partes de concreto onde o eixo encaixava as pontas pra sustentar o sino. Pediu para o coroinha comprar meio metro de tubo de ferro um pouco mais grosso do que o eixo do sino, cortou o tubo em duas metades e os fixou nas partes de concreto onde as pontas do eixo ficavam. Lubrificou bem os tubos de ferro por dentro de modo a fazer as pontas do eixo “escorregarem” por dentro deles. Colocou duas abraçadeiras no eixo, uma perto de cada ponta, evitando que o sino escorregasse pra um lado qualquer e caísse em cima de quem o puxasse pela corda.

Serviço terminado, o pedreiro e o coroinha estavam passando por trás do mecanismo do relógio para descerem da torre, quando de repente, uma engrenagem do tamanho de uma roda de caminhão se soltou e caiu em cima da cabeça do pedreiro, matando-o instantaneamente. Assustado, Rivaldo correu escada abaixo, tropeçou na metade da escadaria e rolou até o primeiro piso.

Quando o Rivaldo estava se levantando, outra engrenagem desprendeu-se do enorme mecanismo do relógio e rolou quicando pela escadaria, acertando em cheio a cabeça do rapaz, que também morreu instantaneamente. Ao ver o jovem coroinha caído no inicio da escada com aquela engrenagem de 50Kg ao lado da cabeça, o padre ligou para o corpo de bombeiros e para a polícia, explicando a situação. Padre Josiel chorou ao ver o seu pupilo morto no chão e disse:

— Você tinha toda uma vida pela frente, meu rapaz! Jesus! Tenha piedade!

Ao ver o corpo do rapaz ser levado pela ambulância do Corpo de Bombeiros, o padre não conseguia parar de chorar, pois nutria secretatmente um amor de pai pelo menino. Ou seja, na visão daquele idoso padre, era como se tivesse perdido um filho. No dia seguinte, Padre Josiel chamou uma equipe de profissionais especializados para consertar o relógio da torre.

Quando a equipe chegou, o sacerdote foi pessoalmente levar os homens até o relógio, explicando que duas engrenagens caíram e que ele não tinha ideia de qual parte do gigante mecanismo as tais engrenagens seriam.

Chegando ao cômodo todo sujo e cheio de ninhos de pombo onde o relógio ficava, misteriosamente, este funcionava perfeitamente, inclusive marcando as horas com maestria, como se não estivesse faltando peça alguma. Os profissionais examinaram todo o mecanismo e chegaram à conclusão de que não havia peça alguma faltando e que apesar da densa poeira, as peças estavam todas bem firmes em seus lugares. Josiel olhou espantado para eles e disse:

— Mas não é possível! Eu guardei as duas engrenagens no depósito geral da Igreja! Vamos ao sub-solo e eu mostro à vocês as peças que se soltaram ontem!

Chegando ao sub-solo da Igreja, o padre foi logo abrindo a porta do depósito de quinquilharias de 4x5metros de largura por 2 metros de altura. O lugar era iluminado por uma tímida lâmpada de 40W bem no meio do teto.

Havia de tudo um pouco naquele local: Ferramentas de obra e de agricultura, uma caixa de ferramentas de consertos caseiros, como chaves de fenda, alicate, etc., pneus de carro, pedaços de cano, uma cadeira de madeira em um canto, uma mesinha no outro canto com alguns baldes em cima.

Ao olhar para o lugar onde ele guardou as engrenagens, o Padre viu que não estavam mais ali. Ele pensou: “Não é possível! Devem ter rolado pra algum lugar!”. O sacerdote procurou em todos os lugares do depósito e analisou bem a janela vasculhante cogitando a possibilidade de alguém bem magrelo ter invadido o depósito e roubado as engrenagens. Mas tal coisa se tornava inexequível, pois até onde o idoso se lembrava, a engrenagem maior, que matou o pedreiro, era grande demais pra passar pela estreita janela vasculhante e a menor, que matou o coroinha, era grossa demais para tal.

Padre Josiel tentava nesse momento se lembrar se ele as tirou dali e colocou em outro lugar. Mas a tentativa de lembrança foi em vão, pois ele só conseguia lembra-se de que guardou-as no depósito uma a uma pois não aguentava o peso das duas ao mesmo tempo e dali trancou o depósito, levou a chave até o quarto, foi tomar banho, escovar os dentes e dormir. Então, ele disse à equipe de profissionais, que o olhavam com cara de desconfiança:

— Bom, o importante é que o relógio está funcionando, Assim que apresentar algum defeito, eu chamo vocês outra vez.

O padre então pagou pela visita dos rapazes e os dispensou, sem entender como o relógio continuava funcionando e tentando entender como aquelas engrenagens simplesmente sumiram.

No dia seguinte, o Padre tomou coragem e foi limpar o fétido cômodo que abrigava o relógio. Foi preparado com algumas sacolas plásticas, um espanador, uma vassoura, uma pá, dois baldes de água e sabão, com o intuito de retirar todos os ninhos de pombos e deixar aquele lugar bem limpo, incluindo o próprio relógio.

Ao chegar no local, o idoso levou um susto ao ver as engrenagens assassinas, ainda sujas de sangue, no mecanismo do relógio, bem firmes e rodando em seus respectivos lugares. Os ninhos de pombo e toda a sujeira do local haviam simplesmente desaparecido. O mecanismo do relógio estava limpo e desempoeirado, exceto pelas inconfundíveis marcas de sangue nas duas engrenagens, que na noite anterior estavam no depósito.

De todos os pombos, havia apenas um pombo branco, que estava em pé no peitoril da janelinha do lugar e olhava com seu vermelho olho direito nos olhos do Padre. Aquilo fez o idoso sentir um suor frio arrepiante que foi do meio da testa circulando o meio da cabeça até chegar na nuca.

De repente, Josiel viu algo entre as engrenagens que não era normal! Não era humano! Era simplesmente fantástico e aterrorizador! Era simplesmente a última imagem que aquele velho padre iria ver em sua vida!

Capítulo 2 – Domingo sem missa, semana sem graça

Passou-se uma semana, um mês, um ano e a igreja simplesmente não abriu mais as portas. A maioria das pessoas, acreditavam que o Padre Josiel simplesmente havia desaparecido, indo pra outra cidade pra esquecer as tragédias ocorridas na igreja. Outra acreditavam em suicídio, pois eram testemunhas oculares de como ele cuidava bem do coroinha, embora sempre tratando o rapaz com rigidez e disciplina.

Um dia, um grupo de adolecentes resolveu invadir a extinta igreja, para verem se havia algo de valioso para roubarem. Eram quatro meninos: Ricardo, Roberto, Francisco e Michel. Ricardo e Roberto eram irmãos e tinham a idade de 13 e 14 anos respectivamente. Francisco era o líder do grupo, com 16 anos. Michel era o mais corajoso, com seus 14 anos, já havia trocado tiros até mesmo com dois policiais.

O grupo combinou que entrariam pela janela vasculhante do depósito, que estava sempre aberta e era fácil para um adolescente entrar e sair. Além do mais, a tal janela ficava nos fundos da igreja, o que tornava a “tarefa” mais discreta. Cada um levou uma lanterna, pois combinaram de realizar a invasão à noite. Assim que entraram, ligaram suas lanternas e Roberto foi até a outra parede, perto da porta pra tentar abri-la. Francisco disse baixinho:

— Não faz barulho! Só esse depósito já tá cheio de coisa boa pra gente levar. Outro dia a gente pensa num jeito silencioso de abrir essa porta pra ver se acha mais coisas.

Michel disse:

— Como a gente faz pra levar tudo isso?

Francisco respondeu:

— Vamos ver o que passa pela janela. O que não passar a gente deixa pra amanhã, que aí amanhã a gente espera entardecer um pouco mais e arranca essa janela. Além do mais, essa fechadura é muito antiga, do tipo que dá pra ver pelo buraco da fechadura. Eu tenho umas chaves velhas em casa que podem servir pra tentar abri-la.

Os jovens marginais roubaram tudo o que passou pela estreita janela vasculhante, deixando pra trás a maioria dos objetos ali presentes.

No dia seguinte, conforme o planejado, os meninos vieram trazendo algumas ferramentas de obra roubadas da própria igreja e com estas retiraram a janela vasculhante. Assim que entraram, Michel foi logo acendendo a luz. Foi quando Roberto viu pendurado logo acima da mesinha, uma pequena tábua pregada na parede com algumas chaves penduradas em pregos na tábua. O rapaz exclamou para o seus companheiros:

— Ei! Isso não estava aqui antes!

Francisco sorriu e disse:

— Você não viu porque estava escuro, ninguém acendeu essa lâmpada ontem. Ficou todo mundo de lanterninha.

Logo em seguida, Francisco virou-se para Ricardo e disse:

— Apaga essa luz antes que alguém veja!

O menino obedeceu, mas ligou logo sua lanterna e disse:

— Que diferença faz, luz acesa ou lanterninha?

— Lanterninha ninguém vê. Vamo abrir essa porta duma vez pra todo mundo sair da cara do gol.

Todos obedeceram o líder do grupo.

Assim que passaram pela porta, uma outra chave estava no chão, bem na frente deles, com um chaveiro identificador escrito “Torre do Relógio”. A porta do depósito, dava para o início de um estreito corredor. No meio deste, a porta do quarto do padre, de frente para o quarto, um banheiro.

Do outro lado do corredor, uma bifurcação, um lado dava acesso à sacristia e ao altar, o outro dava acesso à porta que ficava na frente das escadarias da torre do relógio. Ao apontarem as lanternas para a porta que dava acesso à escadaria da torre, os meninos sentiram um leve arrepio.

Conforme foram chegando perto, um medo descomunal começou a dominar os rapazes. Eles se entreolharam com suas expressões de espanto quando ficaram de frente para a porta e Michel disse:

— Eu não entro aí não!

Francisco disse logo em seguida:

— Nem eu!

Roberto e Ricardo disseram quase que em côro:

— Nem eu!

Francisco foi logo dizendo:

— Vamos no quarto do padre! É ali que deve ter muita grana do dízimo dos otários!

Todos concordaram e foram para o quarto do padre. Ao abrirem a porta, deram de cara com um enorme quarto de 5 x 6 metros de largura. Havia uma estante com alguns livros, uma cama de casal, uma cômoda e um guarda-roupas. Uma TV de 20” estava em cima da cômoda e o controle remoto dela estava na gaveta do criado mudo que ficava ao lado da cama, com um abajour em cima.

Os jovens vasculharam cada centímetro do lugar, até que Roberto achou uma carteira em um dos bolsos de uma calça contendo alguns documentos e muito dinheiro. O adolescente foi logo pegando o dinheiro e guardando no bolso da bermuda sem falar nada a seus companheiros. Pra disfarçar, o menino foi ao banheiro dizendo que estava com vontade de urinar, mas na verdade, ele queria é contar o dinheiro.

Distraídos, os outros ladrõezinhos nem perceberam a ausência do quarto integrante do grupo, que assim que entrou no banheiro, viu no espelho a imagem de um homem idoso, com cabelos bem compridos, encaracolados e brancos, olhos vermelhos e sorriso aterrorizador. Ao ver tal imagem, o menino caiu pra trás e gritou:

— Quem é você!?

— A sua morte! Mas primeiro, você vai ver teus amigos morrerem!

— Roberto tentou sair correndo do banheiro, mas a porta fechou e trancou de modo que ele não conseguiu mais abrir.

Capítulo 3 – O feiticeiro maldito

Ano de 1710

Uma jovem e bela mulher corre pela floresta. Atrás dela, um enorme urso. A jovem começa a ficar cansada e o animal facilmente a alcança, encurralando-a contra uma árvore. Com olhos esbugalhados de terror, ao sentir as fortes patas dele segurando firmemente seus ombros e ao ver ele abrir a boca, a mulher grita:

— NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!

De repente uma lança entra na boca do urso e faz um enorme rasgo lateral, fazendo o animal desistir de sua presa e correr pela floresta adentro. Ao olhar para o lado, a jovem levou um susto ao ver que o seu herói era o infame feiticeiro da floresta, que tinha a fama de matar criancinhas e devorá-las em rituais satânicos. Espantada ao vê-lo pessoalmente pela primeira vez, a mulher gritou:

– Ai, meu Deus! O Feiticeiro da Floresta! Por favor! Não se aproxime!

O medo era tanto, que a jovem agarrou o cruxifixo que levava consigo pendurado no pescoço e disse logo em seguida:

— Em nome de Deus! Não se aproxime!

— Calma, minha jovem. Eu não vou lhe fazer mal algum.

— E não vai mesmo! Em nome de Deus! Em nome de Deus!

— Se eu quisesse lhe fazer algum mal, eu não teria salvado a tua vida, concorda?

— Não! Você me salvou do urso, pra me matar pessoalmente e me devorar em um ritual do demo!

— Eu sou muito diferente do que o povo do teu vilarejo diz que eu sou. Na verdade dos fatos, eu nunca devorei crianças. Se algumas crianças desaparecem na floresta, é porque são devoradas pelos ursos. Eu só enterro as carcaças das que eu encontro já mortas e com partes devoradas pelos ursos. Só isso.

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— Mentiroso! Tu nunca vais me convencer com tuas mentiras! És um feiticeiro!

— Olha, eu posso te indicar o caminho para saíres da floresta.

— Não! Eu vou sozinha! Fica longe de mim, feiticeiro maldito!

A mulher correu para longe do feiticeiro. Preocupado com a possibilidade de ela dar de cara com outro urso, o homem correu atrás. De repente surge um cavaleiro, que ao reconhecer a mulher, gritou:

— Emiliana! Sobe aqui no meu cavalo, que eu vou salvar-te!

Sem pensar duas vezes, a jovem subiu no cavalo do rapaz e este a levou de volta para a casa dos pais dela. Ao chegar em casa, Emiliana abraçou o pai dela e começou a chorar, dizendo:

— Pai! Passei perto da morte por duas vezes consecutivas! Fui colher lenha na floresta e encontrei um urso. Tentei fugir dele, mas ele me alcançou.

— E como não lhe devorou, minha filha?

— Um homem me salvou.

— O nosso vizinho João que te trouxe de cavalo até aqui, não é?

— Sim, mas antes de ele me trazer até aqui, nós vimos o Feiticeiro da Floresta. Aí o João me colocou no cavalo e me trouxe, me salvando do Feiticeiro também.

— Estes malditos ursos! Se fizermos uma campanha, acabaremos com eles! E com este feiticeiro do mal também!

O Feiticeiro da Floresta, na verdade de feiticeiro não tinha nada. Era apenas um ermitão que se virava em viver isolado da vila, comendo a carne de ursos e outros animais que ele mesmo caçava. Como de vez em quando, um urso qualquer matava uma criança qualquer, o feiticeiro simplesmente aproveitava-se do evento para matar mais um urso e garantir assim, carne por mais uma semana.

Ele morava em um castelo de pedras que ele mesmo construiu, com várias armadilhas na entrada, para caso algum urso tentasse invadir e matá-lo no meio da madrugada, enquanto ele dormia. O castelo não tinha janelas pelo mesmo motivo, apenas alguns pequenos buracos de ventilação. Ele plantava algumas hortaliças dentro do castelo. Não fazia horta do lado de fora, porque de experiência própria, ele sabia que animais silvestres devorariam seus pequenos plantios.

A fama de feiticeiro foi dada pelo povo da vila, quando todos começaram a perceber o desaparecimento das crianças que inadvertidamente entravam na floresta e acidentalmente eram atacadas pelos residentes ursos. Ao pensarem que quem matava e devorava as crianças seria o ermitão, o taxaram de feiticeiro, infanticida, canibal e satanista.

Capítulo 4 – Vingança!

Um dia, um grupo de pais de meninos assassinados pelos ursos da floresta, saíram no meio da madrugada pela floresta adentro com luminárias de querosene e espadas. Foram caçar o “feiticeiro maldito” e os ursos que encontrassem pelo caminho.

Naquela hora todos os ursos estavam dormindo em cavernas, o que fez com que os paladinos não encontrassem nenhum pelo caminho. Ao encontrarem um castelo de pedras no meio da floresta, perceberam que aquele poderia ser o castelo do infame ermitão.

Sem pensar duas vezes, os homens invadiram o castelo, amarraram o “feiticeiro” e sob gritos de comemoração dos pais dos meninos assassinados pelos ursos, o idoso foi arrastado até a vila, onde ele foi amarrado à uma cruz de madeira, com um pequeno monte de lenha sob os pés dele. Antes de a fogueira ser acesa, o idoso gritou:

— Vocês estão prestes a matar a pessoa errada!

Um dos aldeões disse em resposta:

— Não adianta nos ameaçar, feiticeiro! Em breve estarás no inferno, de onde nunca deverias ter saído!

Desesperado, o ermitão retrucou:

— Eu não estou a lhes ameaçar! Eu apenas estou a dizer que sou inocente! Foram os ursos que mataram vossas crianças e não eu!

Indignado, um dos aldeões disse:

— Não seja ridículo! Todos sabemos de sua infâmia! Não se faça de santo agora, feiticeiro!

Ao ver a fogueira ser acesa, sentindo seu corpo começar a queimar e percebendo que não conseguiria convencê-los de sua inocência, o ermitão disse:

— Malditos sejam, aldeões incultos e ignorantes! Todos aqueles que construírem qualquer coisa neste mesmo lugar onde estou sendo assassinado por vocês, sofrerá a minha vingança!

Estas foram as últimas palavras do “feiticeiro da floresta” antes de morrer.

Aquele terreno ficou vazio por séculos, até que alguém teve a infeliz ideia de construir ali uma igreja com uma enorme torre conhecida na cidade toda como “A Torre do Relógio”.

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