Em um dos interiores desse imenso Brasil, existe uma tal de Feira Agropecuária, que acontece todos os anos na cidade e que tem por objetivo, além de trazer divertimento e distração ao povo, expor animais, fazer leilões, vender casas, carros, materiais de cultivo e etc.
A feira possui os responsáveis pela limpeza do local, pela organização, pela montagem de máquinas e brinquedos e também pelo manejo dos animais. Os peões, que são os responsáveis por organizar os cavalos e os bois, ficam e dormem em instalações precárias dentro da feira, mais afastados do público. Na verdade, eles montam seu acampamento nas baias de cavalos e bois que não foram utilizadas.
Pois bem! No ano de 1999, quando a organização da Feira esperava que houvesse mais de 150 mil visitantes um fato muito sinistro ocorreu…
Neco era o melhor de todos os peões que existiam nas redondezas da cidade. Montava touros bravos, amansava feras que pareciam indomáveis e tocava uma boiada como nenhum outro. Como amava muito sua família, ele resolveu neste mesmo ano levar sua mulher e seus dois filhos, pois queria que todos estivessem juntos a ele já que iria demorar um pouco pra voltar pra casa. Mas o que Neco não sabia, era que o seu destino tinha outros planos pra ele.
– Neco! Traz os meninos! – disse sua mulher – O jantar está na mesa! – completou.
– Já vou benzinho! – respondeu Neco catando os meninos do chão que brincavam no feno.
– Manhê!? – perguntou ansioso Gerson o filho mais novo do casal – O que tem pro jantar?
– Sopa de repolho com farinha – respondeu meio que desapontada a mãe do garoto.
– De novo manhê!?! – os meninos retrucaram.
Neco sacodiu a mão em cada uma das cabeças das crianças e indignado disse:
– ÔÔÔÔrra! Vocês tem que dar é Graças à Nossa Senhora por ter alguma coisa pra colocar nesses bucho! Senta aí e come! Quietinhos ouviu?
– Sim papai – novamente em coro os meninos responderam.
Logo após terminado o jantar, Neco armou a rede dos filhos, pôs os dois a dormir, deu boa noite à sua mulher e foi terminar um serviço que tinha por fazer no estábulo do Gado Nelore.
Assim que voltou, por volta das 2:30h da manhã, Neco deitou-se na rede, acendeu um pito e começou a pensar no que faria logo pela manhã.
Foi então que tudo aconteceu.
– FOGO! FOGO! Alguém ajuda!? FOGO! – gritou um dos peões que trabalhava na exposição.
Logo todos correram em direção aos gritos de socorro, estes que se confundiam com gritos desesperados de dor vinham direto do alojamento de Neco.
As labaredas eram altas, os peões e os outro funcionários da feira tentaram aliviar o fogo jogando baldes de água, mas já era tarde demais, tudo havia sido consumido naquele alojamento.
Pela manhã, após os bombeiros conseguirem controlar o incêndio, foram sendo retirados pelo IML os corpos dos que estavam no local, inclusive o corpo de Neco. Porém na hora da contagem de corpos, os responsáveis pela feira notaram que faltavam 3 pessoas, mas depois de tanto lerem e relerem a lista, perceberam que eram os corpos da Mulher e dos dois filhos do peão.
A comoção foi imensa! 15 dias de Luto e a feira foi cancelada neste ano, pois 31 funcionários haviam sido carbonizados no incêndio.
O que não ficou explicado na época e, até hoje ninguém sabe explicar, foi como os corpos da família de Neco sumiram de uma hora para outra do local incendiado aquela noite. Eles simplesmente desapareceram!
Desde o acontecido nas instalações da Feira Agropecuária em 1999, moradores da cidade dizem que em todos os anos, um dia antes do início da Feira, ouve-se pelas ruas o galopar de um cavalo e, ninguém tem dúvidas, de que é Neco à procura dos corpos dos seus amados entes ainda desaparecidos como o Cavaleiro Fantasma.
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