Nosso Último Encontro

por Mundo Sombrio
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Nosso Último Encontro História de Terror mundo sombrio
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Talvez não se lembre da data, mas nos vimos pela primeira vez em 5 de janeiro de 1830, fazia frio naquela noite, nos encontramos num bar próximo ao litoral e as brumas tornavam o clima estranho; elas eram altas e era difícil enxergar o céu com clareza.

Existem momentos em que é fácil se esquecer onde está, aqueles que já beberam demais ou se renderam aos prazeres da morfina sabem muito bem, e nesses momentos, às vezes notamos o quão pequenos somos. As brumas têm poder de nos jogar nesse estado mental o qual notamos a nossa pequeneza e tudo é branco acinzentado e não importa se é dia ou noite, somos pequenos. Fico grato de ter saído de casa naquela noite tão importuna, a minha mente flertava com a loucura e os deuses tinham me esquecido, eu não estava à beira da sociedade, eu tinha-me excluído dela, e ela, me abandonado.

Todo o homem que contempla a ideia de suicídio é perigoso, todo o homem que consegue viver sem a mulher amada é incapaz de dormir tranquilo. As noites e os bares são um refúgio comum para homens desse tipo. Fui marinheiro por quase toda a minha vida e acredito que no dia que abandonei o meu ofício, parte de mim morreu.

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Quando jovem, pude viajar e conhecer vários lugares belos, viajei da Bélgica até a Inglaterra várias vezes num navio cargueiro que exportava tecidos, partia sempre da cidade de Bruges rumo as cidades costeiras inglesas, Dover era a minha preferida, o meu pai dizia que as cidades possuíam vida própria e personalidade, que cada lugar era diferente do outro na sua essência e que dessa forma, cada cidade moldava os seus cidadãos, as vezes, alguns homens nasciam em cidades erradas por isso se mudavam.

Dizia que existia também aqueles os quais as almas não pertenciam às cidades desse planeta ou tempo, e rodavam o mundo como os ciganos ou buscavam dominar todas as cidades, como Alexandre Magno e outros tentaram. As cidades inglesas são poderosas e assustadoras, o ar é frio e a beleza é crua e séria. É possível sentir o peso das mortes escondido nas ondas que atacam as rochas brancas em Dover, a praia possui apenas pedras negras que fazem o contraste com as falésias, essas, protegem o grande Castelo de Dover. A cidade se impõe sobre os homens e eu sempre encarava aqueles enormes muros de pedra quando me aproximava de navio e sentia que era encarado de volta.

Durante uma das minhas viagens à Dover, conheci a mulher que viria se tornar a minha esposa, ela faleceu durante o parto do nosso primeiro filho que também não resistiu. Eu poderia dizer que esse foi um dos piores dias da minha vida, mas confesso que atingi um patamar em que todo novo dia se torna o pior dia que pude viver.

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A última vez que nos vimos, era 5 de janeiro de 1830 e eu tentei tirar a minha própria vida, fazia frio. Você me aguardava escondida do lado de fora do bar, eu carregava comigo uma garrafa e a usei como instrumento para o meu desejado último ato, tivemos uma conversa tão agradável como esta, mas o destino interveio e homens me viram sangrando jogado ao chão, sozinho, para morrer.

Hoje fazem 15 anos, e mais uma vez eu posso ver o seu rosto e confirmar que não tive alucinações e não rompi a linha da sanidade, eu realmente tive um encontro com a morte e sobrevivi.

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Certamente não sobreviverei outra vez.

Por: Matheus Matos

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