Os Cães dos Demônios

por Mundo Sombrio
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Subimos o morro no fim da tarde. Eu ofegava e maldizia aquele passeio underground, radical e inútil. Seguimos o guia que se exibia saltando como um bode montês. Meus dois colegas empolgados e eu lhes cuspindo obscenidades. Ninguém me convencia da recompensa da vista e das incríveis histórias que ouviríamos lá.

O morro carioca me causava fascínio, mas o cansaço queria me fazer desistir. Além do mais, eu estava ali, em minha primeira viagem ao Rio pretendendo ver as típicas belezas: o Cristo, o Maracanã, as escolas de samba e o mar. Meus colegas estúpidos, tinham interesse nas histórias de tráfico. Ainda mais instigados pelo guia, nos destinávamos para o lugar antigamente usado por bandidos para a tortura e execução de desafetos.

Iriamos dormir no barraco do homem, de frente para a imensa rocha que servira de palco de mortes e suplícios. Chegamos e meus olhos se voltaram para a cidade lá embaixo e sua iluminação. Sentei para descansar e ficamos ouvindo as narrativas e indicativas do nosso condutor que, na verdade, era primo de um dos meus amigos. Ele falou que há dezessete anos atrás ali era um ponto pouco frequentado. Havia mato, nenhuma moradia, somente a gigantesca rocha que brotava do morro como uma espécie de assoalho diferente. Era lá que pessoas eram executadas com tiros nas nucas ou queimadas vivas dentro de pneus. Também, dependendo da modalidade de desavença com o crime, eram torturadas antes do fim.

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O guia falou que, quando fora morar no local, uns seis anos antes, um garoto encontrara um crânio no meio da vegetação ainda existente. Para completar a narrativa, disse que o local era assombrado e que não eram poucas as histórias narradas pelas pessoas das redondezas. Aquilo começou a me incomodar, ainda mais tendo em vista que íamos dormir ali perto.

O homem nos levou até a pedra e nesse momento vi que havia uma cruz enorme, sobre uma base de cimento, na extremidade do morro, contemplando o penhasco. Explicou que era uma homenagem às vítimas, uma marca para que nada fosse esquecido naqueles tempos de pacificação do morro.

Fomos para a casa, nos acomodar e confesso que gostei quando pararam de falar de morte e fantasmas. Tomamos cervejas na varanda da casa do homem e, embora os assuntos tivessem mudado, as vezes eu me pegava olhando para a cruz sobre a pedra e sentia calafrios. Fomos dormir pouco depois da meia noite.

Acordei umas quatro da manhã e olhei pela pequena janela ao lado da cama. Vi a coisa mais pavorosa de toda a minha vida… Umas criaturas escuras, longilíneas, outras de baixa estatura, tortas, conduzindo, à primeira vista, animais presos por coleiras. Um exame mais minucioso indicava que na verdade, se tratavam de homens rastejando de quatro. Tremi e me senti apavorado, mas ainda assim não deixei de observar. Impossível crer que não fosse um pesadelo.

As criaturas que conduziam os homens/cães tinham anatomia animalesca, com chifres e cabeças desproporcionais e saíram do meu campo de visão. Nesse momento, me estapeei para ter certeza de que não sonhava. Levantei e fui até a varanda com cuidado. O frio da noite me deu ainda mais certeza da vigília. Então olhei para a extensão à minha frente e quão pavorosa foi a surpresa quando vi surgir o grupo conduzindo os cães humanos. Eles foram todos em direção a cruz sobre a pedra.

Fiquei ali, tomado de horror, me perguntando a natureza daquele espetáculo apavorante. Seria possível alguém se fantasiar daquele jeito, estúpido, de modo satânico para assustar as pessoas? Eles produziam urros e gritos. Muitos deles batiam e puxavam seus cativos. Em dado momento, o dono da casa surgiu e disse que eu não devia olhar.

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Voltei para cama, mas continuei ouvindo os barulhos do grupo como se estivessem bem próximos. No outro dia, nosso anfitrião me disse que, conforme certas explicações, aquele era um grupo de demônios punindo os assassinos que por ali viveram fazendo suas barbaridades. Eles haviam sido lacaios e agora eram tratados como cães na eternidade.


ESCRITO POR: Jorge Raskolnikov

IMAGEM DO POST: Montagem feita com HellHounds por Zoppy

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