Na pequena e esquecida cidade de Hawthorne, ergue-se uma mansão condenada pelo tempo e pelo medo – um lugar que os moradores chamam, com um sussurro trêmulo, de “Casa do Espelho que Nunca Reflete”. Construída no início do século XX por Victor Larkwood, um comerciante excêntrico e recluso, a casa era um labirinto de espelhos, cada cômodo refletindo sua obsessão doentia. Larkwood acreditava que os espelhos podiam capturar a essência das pessoas, aprisionando-as em seu reflexo para sempre.
Após sua morte abrupta em 1932, sob circunstâncias jamais explicadas, ninguém mais ousou cruzar as portas daquela casa. Os rumores começaram de imediato. Os poucos que se aventuraram dentro da mansão saíram aterrorizados, alegando que os espelhos não refletiam suas imagens. Em vez disso, mostravam vislumbres de épocas distantes – festas luxuosas e vultos pálidos dançando sob lustres empoeirados. Mas o mais perturbador eram as figuras imóveis, rostos vazios que encaravam quem ousasse olhar por tempo demais.
A história mais arrepiante ocorreu em 1978, quando um grupo de adolescentes decidiu testar sua coragem. Eles juram ter visto um homem alto, vestido com um fraque antiquado e um chapéu de abas largas, parado diante de um espelho no salão principal. Seu olhar era vazio, mas quando um dos jovens tentou tocá-lo, percebeu que ele existia apenas dentro do vidro. O homem sorriu – um sorriso lento e errado. O salão ficou gélido, e os espelhos começaram a vibrar como se estivessem vivos. Apavorados, os jovens fugiram, mas um deles afirmou, com voz trêmula, ter visto seu próprio rosto refletido ao lado do estranho… envelhecido em cinquenta anos, os olhos afundados em um horror silencioso.
Investigadores paranormais visitaram a casa inúmeras vezes ao longo das décadas. Seus equipamentos registraram vozes sussurrantes, murmurando palavras numa língua esquecida. Câmeras captaram sombras movendo-se dentro dos espelhos, formas que não pertenciam ao mundo real. Mas talvez o mais estranho de tudo seja o estado impecável dos espelhos – limpos, polidos, intocados pelo tempo, como se alguém, ou algo, ainda cuidasse deles.
Hoje, a Casa do Espelho é um marco de terror e mistério. Dizem que aqueles que ousam permanecer ali por tempo demais começam a ouvir seus próprios nomes sendo chamados do outro lado do vidro. Alguns acreditam que a mansão guarda fragmentos das almas que um dia viveram ali. Outros, porém, sussurram algo pior: que os espelhos aprisionam aqueles que entram… e que, em algum momento, o reflexo pode simplesmente se recusar a deixá-los sair.
Então, se um dia você se deparar com uma casa abandonada, repleta de espelhos antigos, pense duas vezes antes de cruzar a porta. Nem todo reflexo é apenas uma imagem. Às vezes, ele está olhando de volta. Às vezes, ele está esperando por você.