Gotas de água caíam sobre o meu rosto e fizeram com que eu acordasse rapidamente. Olhei ao meu redor e me assustei ao perceber que estava dentro de uma caverna.
Me levantei e comecei a andar me perguntando como tinha ido parar ali. Toda vez que eu tentava acessar minhas memórias, uma mancha negra aparecia em minha mente e cobria todos os meus pensamentos.
Água e mais água não parava de cair das paredes e do teto da caverna. Eu me sentia vigiado a todo momento por olhos negros que me encaravam pelos buracos da gruta.
Em certo momento, cheguei em uma bifurcação e um vento gelado tomou meu corpo, fazendo eu ficar paralisado de medo. Mas eu tinha que escolher um dos caminhos para poder prosseguir.
O caminho esquerdo tinha animais, que se assemelhavam a urubus e o caminho direito tinha água, o que fazia com que o caminho ficasse quase submerso.
Com medo dos urubus, escolhi o caminho direito, pois achava que seria mais fácil passar pela água. Assim que adentrei o lugar, a passagem atrás de mim se fechou e logo em seguida o teto da caverna cedeu.
Muita água preenchia a caverna enquanto eu tentava sair nadando dali. A Caverna parecia encolher de tanta água que estava entrando no local.
Então, fui engolido pela força absurda da água e agora estava submerso no breu escuro. Fiquei desesperado, pois sabia que não tinha muito tempo de ar. Nem ao menos deu tempo de pegar fôlego antes da água tomar o lugar.
Para minha felicidade, algo acima de mim se iluminou. Acho que era a superfície. Comecei a nadar desesperadamente na tentativa de conseguir preencher meus pulmões com o doce ar puro, porém alguma coisa começou a me puxar para baixo.
Soltei o último “pingo” de ar que me restava e acabei tonto. A luz se tornava cada vez mais distante enquanto o breu da caverna preenchia tudo.
Eu estava quase apagando, quando de repente escutei a voz da minha mãe dizendo para que eu lutasse e que eu não poderia morrer, pois ela me amava muito. Junto com o seu choro, também escutei a voz de uma pessoa estranha falando que eu iria ficar bem, pois eu parecia ser um menino muito forte.
Mas o que me fez lutar pela minha vida, foi o fato dela falar que não viveria sem mim. Suas palavras realçaram a minha memória, fazendo com que eu lembrasse que ela sofria com depressão. Ela realmente precisava de mim e eu não poderia simplesmente abandoná-la, pois mesmo doente e escondendo isso de mim, aquela mulher dedicou os últimos 13 anos de sua vida em prol da minha felicidade.
Rapidamente chutei o que estava me puxando para baixo e consegui me libertar. Nadei o mais rápido possível até a luz que parecia estar sumindo rápido. A coisa que me puxava para baixo, continuou a me seguir enquanto emitia ruídos assustadores.
Ela me segurou novamente, porém, dessa vez, não conseguiu me agarrar. Dei um último impulso para cima e consegui chegar à superfície antes da luz se apagar.
Abri meus olhos e vi a imagem meio embaçada da minha mãe e um homem fazendo massagem no meu peito. Ao nosso redor, algumas dezenas de pessoas. Comecei a tossir muita água e levantei assustado…
Minha mãe instantaneamente me deu um abraço e as pessoas começaram a aplaudir. Demorei um pouco para entender o que estava acontecendo, mas quando olhei o uniforme do homem que estava ao meu lado, compreendi. Estávamos na praia.
Estava bem, mas mesmo assim tive que ir para o hospital para ver se não fiquei com sequelas do acidente.
Eu queria acreditar que tudo o que aconteceu, não passou de um pesadelo criado pela minha mente causado pelo afogamento.
Como disse, eu queria acreditar, mas o grande arranhão em minha perna me forçava a pensar no contrário.
ESCRITO POR: Mr. Obscuro
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