David chegou em casa depois do trabalho e Laura, sua esposa, o recebe com um bolo de carne, feito especialmente para o jantar. Depois de saborear, ele disse:
“– Fiquei satisfeito! Nunca tinha comido um bolo de carne tão bom! Ficou delicioso! Diga-me, vieram consertar a torneira?” – perguntou, com seu prato vazio na frente dele.
Laura ficou em silêncio e David insistiu:
“– Você está bem, Laura? Está sentindo alguma coisa?”
“– Já sei sobre Eva!” – respondeu Laura, friamente.
David sentiu um terremoto no coração ao ouvir o nome “Eva”. Suas emoções chocaram, tinha que negar tudo, mas ao mesmo tempo, sentia a tentação louca de perguntar mais:
“– Não sei… Do que estás a falar? Quem é essa Eva? Nunca tinha ouvido esse…”
“– Pare! Não seja ridículo.” – disse ela.
Laura mostrou as mensagens, as fotos, os vídeos que eram tirados na intimidade… mostrou tudo (o celular dele estava rastreado e clonado para o dela).
“– Há quanto tempo você sabe?” – perguntou ele, quando percebeu que não fazia mais sentido negar.
“– Eu a procurei.” – respondeu Laura – “Depois que descobri, procurei-a.
David, o que aconteceu conosco? Em que momento perdemos tudo?”
“– Laura, eu… Eu ainda te amo! Amo nosso filho, nossa família, a vida que temos juntos. É que eu… Não sei em que momento isso aconteceu! Não espero que você entenda, não foi uma decisão minha.” – e perdendo o controle da situação, David abusa da tolerância de Laura, dizendo:
“– Diga-me onde ela está? Não vai trabalhar há dias e não responde às minhas chamadas. Preciso saber dela, ver o rosto dela, sentir as mãos dela… seus lábios!
Não te quero magoar, Laura. Eu sei que não tenho o direito, mas… é que… Não consigo tirá-la da minha vida!”
Em lágrimas silenciosas, ela pergunta:
“– Você a ama de verdade?”
“– Sim! Não espero que você me compreenda, mas sim… Eu a amo!”
“– Você “carrega isso” no seu coração?” – perguntou Laura.
“– Sim!” – respondeu David, apesar de ter achado a pergunta estranha.
“– Pois agora você está carregando ela
no seu estômago também!”
“– O QUÊ???”
“– Gostou do bolo de carne, amor?”
Perguntou Laura, jogando na mesa aquela estúpida medalha que Eva carregava no pescoço com a inscrição…
“Eu te amo, David”.
Por Sergio Gitel