A Casa de Dona Geralda

por Mundo Sombrio
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Algumas casas pela sua própria aparência carregam o estigma de assobradas, outras, pode-se dizer acabam contando com alguma intervenção do Além para definitivamente adquirirem o status de assombradas.

Tudo indica que esse foi o caso da antiga casa do Senhor Tônico e de Dona Geralda, construída ainda na década de 20, na parte mais antiga da Vila Jaguara.

A casa do nº 96 daquela antiga Rua nove, era conhecida como a “Casa da Dona Geralda” que ficava num terreno irregular com grandes pedras, com cerca de 20 metros de frente por 40 metros de fundos. A casa foi construída à direita e ao centro do terreno, com telhado de duas águas, quarto principal com janela de frente para rua, ao lado da sala de visitas que tinha acesso por uma pequena varanda. O corredor de acesso principal dava para um quarto aos fundos, um banheiro principal no meio do corredor e ao fundo à esquerda, uma ampla cozinha com fogão à lenha, piso de cimento queimado tipo “vermelhão”, com portas para a lavanderia onde ficavam mais um pequeno banheiro externo, poço de água à manivela, “Barracão” do tanque e uma pequena dispensa. Apesar de muito simples, era um padrão arquitetônico clássico na época, para casas das Vilas de imigrantes europeus.

Com exceção de uma pequena horta e algumas árvores frutíferas no quintal dos fundos, havia um campinho de futebol (Possivelmente o mais antigo da Vila), onde os filhos de Dona Geralda e os meninos da Rua 9 jogavam Futebol e Taco.

Quem passava de frente com à de Dona Geralda, facilmente visualizava a pintura feita com cal e corante amarelo (Caiação), coloração típica das casas de periferia dos operários na primeira metade do século XX.

A casa foi construída com um recuo de aproximadamente 5 metros da rua, na parte mais alta do terreno o que facilitava em muito sua visualização.

Em 1967, ainda na meia idade, veio a falecer de causas naturais o Senhor Tônico e como os filhos já eram casados, Dona Geralda se recusou a deixar a casa preferindo ficar morando nela sozinha.

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No dia-a-dia, os vizinhos relatam que era muito difícil ver dona Geralda do lado de fora da casa, permanecendo isolada a maior parte do tempo na cozinha e na parte de trás da casa. Às vezes ela era vista na varanda com uma caneca de café e um cachimbo com qual pitava fumo de corda.

Os poucos visitantes relatam que ela sempre mantinha uma vela acesa sobre um pires ao lado de um copo com água, logo acima da pia da Cozinha, onde podia-se observar a imagem de um santo instalada na parede por um suporte de madeira.

Além da aparência envelhecida, a casa de dona Geralda ainda possuía outra característica que destoava dos padrões: todas as portas eram de estilo almofadado, pintado na cor verde abacate com tinta à base de óleo e já bastante desgastadas pelo tempo. Curiosamente todas as portas abriam da direita para a esquerda para dentro, inclusive as portas internas.

Dona Geralda não viveu muito tempo na solidão de sua casa, em tese, isso porque veio a falecer cerca de um ano e meio após à partida do senhor Tônico.

Os filhos herdeiros resolveram alugá-la mobiliada mesmo, retirando da casa apenas os objetos pessoais dos pais como forma de recordação.

Para promover a locação do imóvel, entregaram a tarefa a um antigo “Guarda-livros” da região que, também, mantinha uma imobiliária em seu escritório.

Pois bem, já com a placa de “Aluga-se”, o que se observou nos meses que se seguiram é que poucas pessoas se interessavam pela casa e apesar da demanda na região e do aluguel relativamente barato, poucas retornavam a imobiliária após visitar a casa.

Foi mais ou menos nessa época que começaram a surgir os relatos de que a casa era assobrada, pois quando era visitada por interessados, alguns diziam que havia gente andando pela casa, encontravam a vela acesa encima da pia e um aroma de café, como se alguém tivesse acabado de passá-lo e cheiro de fumo de corda.

Após quase um ano sem ocupação, um jovem casal se interessou pelo imóvel e pediu ao “guarda-livros” para visitar a casa para conhecê-la melhor internamente, para efetivarem a locação.

Naquele dia, como o “guarda-livros” estava muito ocupado, entregou as chaves da casa ao jovem casal para que eles pudessem abri-la e examinar os cômodos por dentro.

O Casal ficou certo tempo dentro da casa e na sequência foram devolver as chaves na imobiliária, tomados por certo sentimento de frustração.

Questionados pelo “guarda-livros” sobre o que acharam da casa, não hesitaram em dizer que apesar dela ser muito antiga, gostaram das acomodações e que as condições de locação estavam bem dentro daquilo que eles desejavam, mas infelizmente não poderiam esperar a proprietária se mudar, porque necessitavam se transferir rápido para região por questões profissionais e, salientaram que ficaram bastante decepcionados quando a proprietária disse que gostava muito daquela casa e que não iria embora logo.

Foi então que o guarda-livros indagou:

– Mas que proprietária? A casa já está desocupada há meses!

O homem do casal então respondeu:

– Não é possível, deve haver algum engano, na casa que fomos visitar, estava uma senhora que nos disse que mora lá desde 1928 com sua família e que não gostaria de sair da casa para morar noutro lugar!

Com ar de espanto, o guarda-livros perguntou:

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– Mas quem é essa senhora e o que ela estava fazendo lá?

– Ora a proprietária da casa, dona Geralda, ela nos recebeu muito bem e nos mostrou todos os cômodos da casa e, foi muito simpática, até nos ofereceu um café, mas dissemos que tínhamos que voltar logo e não poderíamos esperar!

Então, em tom um pouco sério, o “guarda livros” assim disse:

– Isso só pode ser uma brincadeira, eu sou um homem sério e muito ocupado, se vocês não gostaram da casa, tudo bem, mas não precisam inventar este tipo de desculpas. Outra, a casa está desocupada de pessoas e Dona Geralda já faleceu há mais de um ano. Como vocês podem vir aqui e inventar uma história dessa?

O casal pediu desculpas, mas disse que iriam procurar outra casa que estivesse desocupada e foram embora.

Não sabemos se o “guarda-livros” foi à casa verificar o que estava de fato acontecendo ou quem realmente recebeu o jovem casal naquela tarde, entretanto, sabe-se que a casa jamais foi alugada e ninguém voltou à morar lá.

Algum tempo depois, os filhos de Dona Geralda resolveram vender a casa que foi demolida e hoje no seu lugar, funciona um entreposto de carga de uma transportadora.

Por: Menino Reinaldo

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