Blackout [História de Terror]

por Mundo Sombrio
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Certa noite, um casal admirava as estrelas no parque, onde muitos casais costumavam se encontrar. Era o aniversário de namoro deles… Eles estavam completando um ano. Natan não conseguia disfarçar a emoção que sentia naquele momento, já que esse tinha sido o seu relacionamento mais duradouro.

Natan amava tanto Bárbara, que preparou uma surpresinha para ela. Ele pediu para que ela tampasse os olhos e não abrisse em nenhuma hipótese. Bárbara, se mostrando um pouco impaciente, fez o que Natan pediu. Alguns instantes depois, ele pediu à ela que abrisse-os novamente. O amado retirou um anel de brilhantes de uma caixinha que estava escondida atrás dele o tempo todo e fez a famosa pergunta, com um sorriso estampado na cara:

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– Bárbara, você quer se casar comigo?

A jovem moça fez uma cara de desânimo e pôs as mãos no anel empurrando-o lentamente.

– Eu… Natan… Eu queria falar com você antes de chegar a esse ponto.

Ele fez uma cara de desentendido e perguntou, confuso:

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– Como assim “a esse ponto”? Não estou entendendo.

– Olha Natan, você é legal e tudo mais, mas eu não estou preparada para seguir adiante nesse relacionamento, entendeu?

– Como assim não está preparada para seguir adiante? Depois de todo esse tempo juntos! – Natan falou, elevando o nível de voz.

– Você fala isso como se estivéssemos juntos há anos.

– Você resolveu me contar isso logo hoje? No dia que celebramos um ano de namoro? E amanhã é meu aniversário. Não íamos viajar para a Flórida? Eu até comprei as passagens.

– Eu queria deixar para te contar depois que fizéssemos essa bendita viagem, mas você veio com esse papo de casamento de repente. O que você queria que eu fizesse? Fingisse que eu ainda gosto de você?

Nessa hora o parque todo olhou para o casal, em especial para Natan, e começaram a apontar e a cochichar descaradamente. Bárbara respirou fundo e disse:

– Olha… me desculpe se as coisas não foram do jeito que você queria, mas eu já estou decidida. Espero que você entenda…

– Bárbara, por favor… Não faça isso!

Ela levantou e começou a andar para longe. Natan a acompanhou e a segurou pelos braços, puxando-a:

– Me solta, Natan! Está acabado! Não tem como voltar atrás, se conforme! Você não é mais um adolescente apaixonado!

– Bárbara, o que foi que eu fiz para você?! – Disse ele, agora chorando.

– Pára Natan! Tá todo mundo olhando. – Exigiu a moça.

Os guardas se aproximaram do ex casal e perguntaram para a moça se Natan a estava incomodando. Ela olhou para o rapaz e o encarou friamente como se aquilo fosse um sinal de que, se ele não parasse imediatamente com aquele teatro, as coisas iriam ficar feias para o seu lado.

Natan, intimidado pelos guardas, entendeu o recado de Bárbara só pelo olhar e a soltou. Esta, tomou rapidamente seu rumo em direção a um táxi.

Os seguranças foram embora logo após o ocorrido, deixando Natan ali. Em poucos minutos uma chuva começou a cair e os outros casais foram embora do parque também.

Triste e com o coração partido, ele foi até o bar mais próximo e começou a se afogar nas bebidas. Vodka, Uísque, Vinho, Red Label, 51… e mais e mais quando, mais tarde, foi obrigado a sair de lá, pois o dono já iria fechar o estabelecimento.

As ruas estavam praticamente desertas. O céu era iluminado pelos raios no calar da noite, mas Natan se recusava a ir para casa. Com uma garrafa de pinga, ele ia cambaleando pelas ruas, sem rumo algum, até passar por uma praia. Por ser incapaz de raciocinar naquele momento, ele andou pela areia e seguiu em direção ao mar.

Não tinha muita gente ali naquela hora, apenas alguns mendigos que o encaravam de longe abrigados da chuva embaixo do píer. O Rapaz parou em frente ao mar e abriu os braços gritando aos céus: “Por quê?” “O que eu fiz, Deus, para merecer isso?”, “Tudo que eu queria era esquecer!”

Nesse instante, Natan jogou a garrafa no mar e se ajoelhou na areia curvando todo o seu corpo para trás, até que um raio o atingiu em cheio na cabeça, o que fez com que ele desmaiasse instantaneamente.

No dia seguinte, ele acordou, porém a maioria de seus pertences estava faltando. Tudo o que sobrara eram a chave da sua casa e sua carteira, claro sem dinheiro e sem os cartões de crédito, apenas sua identidade e outros documentos. Ele não conseguia se lembrar do que tinha acontecido na noite passada. Teve o famoso Blackout. Para falar a verdade, ele não se lembrava de muita coisa…

Natan levantou e foi em direção à sua casa, que por incrível que pareça, lembrava do prédio onde ficava. Adentrou o edifício e, confuso, perguntou ao porteiro qual era o número do apartamento onde morava.

O porteiro se assustou ao olhar para Natan e perguntou o que tinha acontecido com ele e se ele iria querer que chamasse um médico. Sem entender direito, ficou preocupado com a pergunta do porteiro e foi direto para o elevador, mesmo sem saber onde era seu apartamento. Começou a apertar todos os números do elevador, esperando que um deles o levasse em um passe de mágica até sua residência.

Antes das portas se fecharem, uma senhora entrou e, com um sorriso simpático, perguntou a Natan se ele tinha gostado do presente que havia colocado em frente à sua porta. Ele nem sabia o que responder, pois não lembrava de quase nada, apenas fez que sim com a cabeça e agradeceu, suando frio e preocupado.

Quando o elevador chegou no 5º andar, ele viu algo em frente à porta 508 e imaginou que provavelmente esse era o presente que a senhora estava falando. Ele se despediu dela e saiu do elevador indo em direção à porta do apartamento.

Assim que chegou lá, colocou o presente para dentro, que no caso era um abajur e fechou a porta. Natan ficou espantando com a quantidade de coisas que tinha dentro do apartamento… Ele não conseguia lembrar da maioria de seus pertences.

Natan olhou para o espelho da sala e se assustou ao ver uma enorme cicatriz preta na sua cara, parecendo uma veia. Ele pôs as mãos nela e se perguntou como aquilo foi aparecer ali… O que estava acontecendo? Por que ele não conseguia lembrar?

Essas eram perguntas a serem respondidas. Talvez Natan conseguisse raciocinar mais um pouco ou até mesmo chegar à uma possível resposta se ele nã o visse no reflexo do espelho duas figuras usando máscaras se aproximando por trás dele.

Logicamente ele ficou assustado. Se virou e jogou a cadeira em um deles. Em seguida, correu em direção à cozinha, acompanhado pelas duas pessoas mascaradas.

Os mascarados puxaram uma faca cada um, de seus bolsos, e ergueram-nas apontando para Natan.

Eles ficaram se encarando por um tempo, até que Natan olhou para a pia e viu uma faca. Pensou em pegá-la para se defender. Mas, os mascarados, prevendo sua intenção, correram em direção a Natan e, antes que ele pegasse a faca, eles o seguraram.

Mas é como dizem, parece que quando estamos em perigo, tiramos forças da onde nem sabíamos que existia e não foi diferente com o Natan… Por ser um pouco mais forte do que os dois mascarados, ele conseguiu se livrar de um deles o jogando contra a parede, fazendo com que esse ficasse inconsciente.

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O outro, Natan conseguiu agarrar pelo pescoço e o jogou em uma mesa de vidro da cozinha, fazendo com que ela se quebrasse e os cacos voassem pelo cômodo.

Rapidamente, ele correu para a pia, pegou a faca e, quando estava prestes a se virar, foi agarrado por trás por um dos mascarados que tentou a todo momento impedir Natan de exercer o controle da faca, porém fracassou.

Natan deu uma cotovelada e passou a faca de raspão em sua máscara, fazendo com que uma parte do rosto do indivíduo aparecesse. O sujeito ficou com medo e retirou a máscara imediatamente revelando ser a Bárbara o tempo todo, dizendo que tudo não passava de uma brincadeira.

– Natan, acabou. Relaxa, sou eu, a Bárbara! Foi tudo uma brincadeira!

Ele abaixou a faca, confuso, pois não lembrava de conhecer nenhuma Bárbara.

– O lance do término, o fora que eu te dei ontem à noite… Foi tudo pensado para o dia de hoje. – Continuou ela, explicando o mal entendido.

Quando ele estava prestes a largar a faca e tentar entender a situação, o outro mascarado, que estava no chão, chegou por trás de Natan dando um pequeno toque em seu ombro, fazendo com ele se assutasse novamente e erguesse a faca. Bárbara tentou intervir puxando ele, mas acabou se prejudicando por tal ato.

Ela então caiu no chão banhada pelo sangue de sua barriga que saía descontroladamente. Natan, após notar o que tinha feito, largou a faca no chão… Nisso, o outro mascarado o empurrou para longe, perguntando inconformado o que Natan havia feito. Ele retirou a máscara e mostrou ser o irmão dele.

Se isso já não fosse o bastante, as pessoas que estavam escondidas começaram a sair dos cômodos, que logo se assustaram ao ver aquela cena. Amigos, familiares e crianças…

Natan, confuso, se perguntava quem eram aquelas pessoas e por que estavam em seu casa. Tudo começou a fazer sentido para ele, quando viu o sobrinho de 10 anos segurando uma faixa que dizia em vermelho negrito:

Feliz Aniversário Tio Natan!

História de Terror escrita por Mr. Obscuro e adaptada para o Mundo Sombrio

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