O Poço dos Desejos

por Mundo Sombrio
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Muitos anos atrás, havia um internato exclusivo na Inglaterra que tinha uma tropa de escoteiros. O líder da tropa era professor e, um fim de semana por mês, levava os escoteiros para acampar.

Havia um menino na tropa de escoteiros que era muito desobediente e perturbador. Seu nome era Stanley Jenkins e ele sempre estava se metendo em problemas. Não importava quantas vezes o professor o repreendesse, ele nunca ouvia e nem obedecia.

Em um fim de semana, o grupo foi acampar em um lugar no interior da Inglaterra. Eles tiveram permissão para montar acampamento em terras de um fazendeiro. O local ficava em uma crista com vista para um vale profundo. O professor alertou os meninos para que não saíssem vagueando sozinhos e disse-lhes que em hipótese alguma poderiam descer ao vale.

Enquanto o professor e os outros garotos armavam as tendas, Stanley e seus amigos estavam sentados na grama. Eles estavam com preguiça de ajudar a montar o acampamento. Em vez disso, eles procuraram algum tipo de travessura que pudessem fazer.

Enquanto Stanley olhava para o vale, ele notou um campo cercado por uma cerca de arame farpado. Em um canto do campo, havia um velho poço de pedra. Parecia que o campo nunca havia sido usado e estava coberto de ervas daninhas.

Foi então que eles viram o fazendeiro dono da terra vindo com seu cachorro. Ao passar, Stanley acenou para ele e o fazendeiro parou para conversar.

— O que há naquele campo ali embaixo? — perguntou Stanley. — Aquele com o poço dentro.

— Aquele é o poço dos desejos —, respondeu o fazendeiro. — Mas você não tem permissão para ir lá. Espero que seu professor tenha lhe contado isso.

— Poço dos Desejos?! — perguntou animado o menino Jenkins. — Quer dizer que se você jogar algum dinheiro no poço, você pode fazer um pedido?!

O fazendeiro soltou uma risada sombria.

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— Eu não saberia dizer, — disse ele, — é assim que chamam, mas ninguém por aqui chega perto do poço dos desejos. Em todos os anos que vivi aqui, nunca coloquei os pés naquele campo.

— Qual o problema com ele? — perguntou Stanley Jenkins.

— Tudo o que sei é que até as vacas e as ovelhas ficam longe daquilo. Mesmo meu velho cachorro não passaria por esse campo e nem vocês devem, meninos, se vocês têm um cérebro em suas cabeças. Não chegue, perto. As pessoas daqui dizem que esse poço é assombrado.

— Assombrado!? — o menino zombou. — Assombrado por quem?

— Três mulheres e um homem! — disse o fazendeiro muito sério.

— E quem são eles? — perguntou o garoto.

— Tudo aconteceu antes do meu tempo — disse o fazendeiro, — mas me disseram que eles morreram naquele poço… ou foram encontrados mortos nele… Eu cheguei a vê-los uma vez. Era crepúsculo e eu estava de pé nesta mesma crista. Meu velho cachorro também os viu. Eles saíram dos arbustos e foram rastejando… Quatro deles… Apenas trapos pretos e ossos brancos. Parecia que eu conseguia ouvir seus ossos estalando enquanto se moviam. Eu não conseguia ver seus rostos… Tudo que eu podia ver eram seus dentes.

Os meninos soltaram um suspiro coletivo de medo, mas Jenkins deu uma risadinha.

— O que aconteceu então? — ele perguntou.

— Não sei! — disse o fazendeiro — Meu cachorro saiu correndo e eu saí correndo atrás dele. Portanto, sigam meu conselho, meninos. Fiquem longe desse poço se vocês sabem o que é bom para vocês.

Com isso, o fazendeiro tirou o chapéu e foi embora. Os meninos ficaram olhando para ele atônitos, menos Stanley.

— Que besteira! Eu não acredito em uma palavra disso. — ele disse.

Na noite seguinte, o professor reuniu todos os escoteiros e fez uma contagem. Ele percebeu que um dos meninos estava faltando. Depois de fazer outra chamada, ele descobriu que o menino desaparecido era Stanley. Nenhum dos outros garotos parecia ter ideia de onde ele estava.

Então um dos meninos falou:

— Talvez ele tenha descido para o poço dos desejos, senhor — disse ele.

O rosto do professor ficou pálido.

— O poço dos desejos? — ele engasgou. — Mas todos vocês receberam ordem estritas de não descerem lá!

Os escoteiros seguiram o professor enquanto ele subia até o topo do cume e olhava para o vale abaixo. A luz estava diminuindo e estava ficando frio, mas não havia um sopro de vento no ar.

— Alguém consegue vê-lo? — o professor perguntou.

— Lá está ele! — disse um dos meninos — está passando por cima da cerca de arame farpado. Tá vendo!?

— Sim, é ele! — disse outro menino — Eu reconheço o suéter dele. Agora ele está caminhando em direção ao poço dos desejos.

— Aquele idiota! — o professor rosnou.

Naquele momento, um dos meninos deu um grito agudo e cobriu os olhos.

— O que é aquela coisa preta indo em direção a ele? — gritou outro menino. Rastejando de quatro… É uma mulher! Oh Deus! Não quero nem olhar!

— Pare! — o professor disse em voz alta — Controle-se! Eu estou indo lá. Hancock e Fartleby, corram para a casa do fazendeiro e peçam ajuda. O resto de vocês, garotos, fiquem aqui e não se movam!

O professor saiu correndo, deixando os meninos sozinhos no cume, olhando para o campo abaixo. Para seu horror, eles viram outra figura negra emergir dos arbustos. Depois outro e outro. Eles viram Stanley caminhando em direção ao poço dos desejos. Ele não pareceu notar as figuras negras se aproximando dele, arrastando-se para frente com os braços estendidos.

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Os meninos começaram a gritar o mais alto que podiam, tentando avisá-lo. Ao chegar ao poço dos desejos, Jenkins pareceu ouvir seus gritos. Ele parou de repente e se virou. Então ele soltou um grito mais agudo e terrível do que qualquer um dos meninos no cume, mas era tarde demais.

As figuras negras se aproximaram dele até que ele foi cercado por todos os lados. Então, eles atacaram.

Os meninos olharam para a cena em um silêncio aterrorizado. Eles mal conseguiam respirar enquanto assistiam à luta terrível. O capuz de uma das figuras caiu para trás, revelando uma caveira branca com fios de cabelo pegajoso. Seus dedos nodosos e ossudos estavam rasgando e dilacerando Stanley Jenkins e logo seus gritos horríveis cessaram.

Os meninos viram o professor correndo em direção ao campo. Ele escalou a cerca de arame farpado, mas então parou e não quis prosseguir.

O fazendeiro chegou com vários policiais. Os meninos apontaram para o campo abaixo e gritaram:

— Eles o pegaram! Eles o pegaram! — uma e outra vez.

Os policiais correram para o vale.

O diretor da escola chegou e todos os meninos foram levados de volta para a escola. Alguns deles ficaram tão traumatizados que chegaram a pedir transferência de lá.

O professor ficou com a polícia a noite toda dando seu depoimento. Na manhã seguinte, ao amanhecer, eles encontraram o que restava de Stanley no fundo do poço dos desejos. Ele havia sido feito em pedaços. Seus pais vieram buscar os restos mortais.

O fazendeiro ergueu outra cerca de arame farpado, circundando o campo e colocou grandes placas com avisos de “Perigo” e “Mantenha-se afastado” escritos em grandes letras vermelhas.

Moradores da área dizem que o campo agora é assombrado por cinco figuras negras fantasmagóricas … Três mulheres, um homem e um menino.

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