Devido a incrível maldade que havia dentro dele, assim que morreu, virou uma criatura maligna que costuma ficar camuflada nos troncos das árvores denominado de Corpo-seco, só a espera de alguma criança malcriada que passasse distraída perto dele.
Dizem que apesar de sua maldade, o Corpo-Seco, que também é conhecido como Unhudo, teria se arrependido de ter maltratado a mãe e, por essa razão, ele pune todas as crianças que demonstrem teimosia ou que respondam para suas mães. Talvez tivesse vindo daí o ditado popular que diz:
Quem bate na mãe fica com a mão seca
Um pouco da Lenda do Corpo-Seco ou Unhudo
Existe também outra teoria sobre a origem do Corpo-Seco ou Unhudo que diz que ele teria sido, em vida, um homem muito egoísta e mesquinho, que cultivava uma variedade enorme de frutas e grãos em sua fazenda.
Mas após uma época de estiagem, em que diversas pessoas estavam passando fome, conta-se que o fazendeiro se negou a dividir seu grande estoque de mantimentos.
Os populares então se revoltaram e, em meio a briga, o fazendeiro acabou morrendo vítima de um enfarto. Porém mesmo morto, sua alma não teve descanso. Sua raiva só aumentou e acabou por se transformar em uma criatura cruel e vingativa.
Diz a lenda, que a criatura fica nas matas a espera de qualquer um que cruze seu caminho. Jamais deixa que outras pessoas se aproximem de árvores frutíferas, as quais ele considera serem sempre de seu antigo pomar.
A lenda do Corpo-Seco está por todo o Brasil, principalmente nos Estados do Amapá, Paraná, Amazonas e Minas Gerais.
Existem ainda alguns países de língua portuguesa que também cultuam essa lenda.
No interior de São Paulo a lenda ganhou um certo toque “vampiresco”. Dizem que o cadáver fica camuflado em meio a mata caçando pessoas desavisadas. Quando o infeliz passa ao seu lado, a entidade suga todo o seu sangue transformando-o em um Corpo Seco também.
Se ninguém passar perto da entidade por muito tempo, ela morre de fome e fica igual à uma árvore seca.
Por essa razão que existem muitas árvores mortas com aspectos humanos.
Outra variação da Lenda do Unhudo
Já em Ituiutaba, Minas Gerais, há uma outra variação da lenda.
Dizem que o corpo de uma mulher enterrada no cemitério municipal, não permanecia no fundo da cova por algumas horas. Segundo os mesmos, a terra sempre expulsava o corpo pra fora do túmulo.
Era como se a terra não quisesse o corpo da mulher.
Os bombeiros teriam sido chamados e na falta de uma explicação (e de uma solução), os bombeiros levaram o corpo da mulher para uma caverna que fica em uma serra ao sul do município, e deixaram o corpo lá para seu descanso eterno.
Mas, segundo os moradores que ousam andar pela estrada de terra que fica à margem da serra, dá para escutar lamentos e gritos de mulher vindos de dentro da caverna.
A serra onde se encontra a caverna ficou conhecida como a “Serra do Corpo-Seco”.
Corpo-Seco em Série na Netflix
Chegou à Netflix, em fevereiro, uma nova produção original da plataforma de streaming, produzida aqui no Brasil: a série Cidade Invisível. A trama conta uma história de investigação envolvendo o protagonista Eric (Marco Pigossi), um policial que quer, a todo custo, descobrir quem são os responsáveis pela morte trágica da sua esposa.
É quando o personagem descobre que existem entidades vivendo entre os humanos, mais especificamente os clássicos personagens do folclore brasileiro, que antes eram apenas lendas. Inicialmente, ele custa a acreditar na teoria, mas começa a presenciar provas e entender o que está acontecendo. Então, ele começa a reconhecer a existência de figuras como o Boto-cor-de-rosa, Saci-Pererê e até a Cuca.
A série conquista por trazer para o mundo do entretenimento, mais uma vez, esses personagens que são conhecidos há anos pela nossa cultura, principalmente graças ao Sítio do Picapau Amarelo, mas desta vez em uma produção que não é infantil.
Corpo-seco na Série Cidade Invisível
A última lenda que aparece na série, e que também traz a grande reviravolta, é do personagem Corpo-Seco. Conhecido também como Unhudo, por ter unhas grandes, a entidade seria um garoto que maltratava tanto os pais que, quando morreu, não foi aceito nem pelo Céu e nem pelo Inferno, com a sua alma vagando pela Terra.
Depois de enterrado, nem mesmo a terra aguentou a sua alma e o “cuspiu” para fora em forma de uma criatura maligna e perigosa. Diz a lenda que às 20h ele se desgruda das árvores para capturar as pessoas que passam por ali, as agarrando com seus braços. Na série, o Corpo-Seco não aparece em sua real forma, mas sim encarnado em Luna (Manuela Dieguez), filha de Eric, e depois nele mesmo, no fim da trama.
Uma História de Terror sobre o Corpo-Seco
O Fazendeiro de Rio Bom
A História de Terror “O Fazendeiro de Rio Bom”, conta a História aterrorizante de um fazendeiro que, após muitos anos de vida de trabalho árduo… Continue lendo!
A cidadezinha de Rio Bom fica no norte do Paraná. Ela possui um pouco mais de três mil habitantes e é uma típica cidade do interior. Lá, é aquele lugar onde todos se conhecem e onde a rotina é sempre a mesma. Portanto, as notícias se espalham com bastante facilidade. Assim que algo de diferente acontece, logo todos ficam sabendo.
Como toda boa cidade do interior, ela é repleta de crendices e lendas populares. Já aconteceu de tudo um pouco em Rio Bom: pessoas que faleceram e foram vistas perambulando pela cidade; uma noiva que teria falecido minutos antes do seu casamento e ficava assombrando o campo de futebol, onde iria se casar; um senhor muito conhecido por se transformar em lobisomem; o aparecimento de uma mão que não era nem animal e nem humana; entre outros fatos curiosos.
Entretanto, há uma história que até hoje assombra os moradores de Rio Bom e que vem atravessando gerações.
Boa parte da população reside na zona rural onde o solo é muito rico, então, é natural morar e trabalhar nos sítios. E sempre foi assim. Rio Bom já teve mais de dez mil habitantes, mas isso foi antes de uma geada braba que matou a plantação e que deu um grande prejuízo aos moradores. Estes, preferiram se mudar para grandes centros urbanos e lá, reconstruírem suas vidas.
A história de Rio Bom, inicia-se com a vinda de pioneiros que adquiriram terras pela Companhia de Terras Norte Paraná e vieram desbravar as matas nativas a fim de estabelecerem-se e viver do solo. Entre eles, veio um senhor muito rico que adquiriu uma faixa de terra enorme, que logo tomou forma de uma fazenda de muitos alqueires.
Ele tornou-se um homem muito mais rico do que já era com as terras que adquiriu, mas não gostava de dividir nada do que possuía. Tudo era vendido, era estocado ou era regulado. Ele sabia exatamente quanto possuía de cereais, de leite, de gado e até mesmo de frutas no pomar.
Ele viveu pensando somente em bens materiais. Não se casou e não teve descendentes que pudessem herdar toda aquela farta riqueza. Mesmo ele ficando velhinho, não abria mão de administrar a fazenda sozinho e mantinha sua forma muquirana de ser. Até que, quando já estava beirando os cem anos, faleceu.
Como não havia herdeiros, todo mundo engordou os olhos na fazenda do velho falecido, esperando somente passar alguns dias para poderem saqueá-la. Uns desejavam o gado, outros vasculhar a casa em busca de dinheiro escondido, outros queriam apenas saborear as frutas do pomar. Mas de alguma forma, ninguém conseguia entrar na fazenda. Sempre que alguém estava na estrada principal para ir até lá, uma araucária caía sozinha, tornando a passagem impedida por vários dias. Foram diversas araucárias tombadas sem motivo algum.
Até o dia em que um rapaz foi atrevido o suficiente para pensar em uma rota que não precisasse da estrada principal, tomando trilhas e atalhos até chegar a sede da fazenda durante uma noite enluarada.
Quando ele pensou já estar com as mãos na fortuna do velho, sentiu a presença de algo estranho e, antes mesmo que pudesse reagir, levou uma rasteira. Ele caiu e começou a apanhar com o rosto virado para a terra, por mais que tentasse ver quem estava o espancando, ele não conseguia. Ele foi se arrastando para fora da fazenda enquanto apanhava. Porém, em dado momento, ele conseguiu olhar quem lhe agredia com tanto ódio, causando-lhe um pavor enorme. Ele estava apanhando de um ser que era humano e tinha o corpo seco, como de um defunto esquelético.
Por fim, ele conseguiu sair da fazenda e contou para algumas pessoas sobre o que tinha visto. Lógico que ninguém acreditou. Porém, viram que realmente ele tinha hematomas e dava para acreditar que ele havia apanhado muito, mas de um corpo-seco? Fala sério! Ninguém acreditava.
Sua história só foi levando crédito quando outras pessoas também passaram a ter experiências com o corpo seco. Várias pessoas que tentaram levar algo da fazenda, teriam sido assombradas e espancadas por ele.
Uma senhora, vizinha da fazenda, era benzedeira. Uma figura bem comum do norte do Paraná pioneiro. Ela ensinava que as pessoas deviam rezar pelo corpo seco, pois era o antigo fazendeiro que não conseguia descansar pela raiva das pessoas quererem lhe roubar e que ele havia voltado para proteger seu patrimônio. Ela sempre dizia que buscava lenha na fazenda do corpo seco, porém, antes ela fazia muitas orações e lhe pedia permissão, justificava que precisava da lenha porque seu sítio era muito pobre e já não tinha mais nada. Com isso, ele a deixava entrar e levar a lenha que necessitava para preparar alimento. Ela é a única que ainda se arriscava a ir naquele lugar.
O temor pelo corpo seco foi tão grande que a fazenda ficou abandonada e, até hoje, ninguém mais tentou invadi-la ou cultivar suas terras. Ela permanece intacta e a fama do corpo-seco atravessou gerações. Quando se ouve este nome, os rio bonenses tremem de receio e ninguém ousa desafiá-lo novamente.